"Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, por que serão fartos".
Mateus 5:6
Mateus 5:6
O quadro é interessante. Jesus diante de uma multidão de pessoas profere seu ensinamento. Na verdade esse é considerado um dos mais importantes e emblemáticos de todos os ensinamentos. Estamos falando do Sermão da Montanha e específicamente do Sermão das Bem Aventuranças.
Ele fala para um público de gente sofrida, oprimida e humilhada pelas condições de vida de seu tempo. São camponeses, trabalhadores da cidade, mulheres, crianças, pobres em sua maioria.
O sofrimento é nítido nos semblantes e nas expressões daquelas pessoas. No entanto, Jesus começa com um recurso de linguagem expressivo para cativar a atenção de todos. Ele usa as palavras: Bem aventurados! Quer dizer, mais do que felizes, são aqueles que tem dado ouvido às palavras e aos ensinamentos do Reino de Deus, ou segundo a tradição de Mateus, do Reino dos Céus!
Esse Reino não é violento, impositivo, arbitrário ou injusto. Ele nasce silenciosamente no coração de Deus e se manifesta na vida dos homens. Jesus é o Ungido a proclamar as virtudes e as maravilhas desse Reino, que por definição não é deste mundo. Está neste mundo, aqui se materializa, mas não é deste mundo. Assim, ninguém pode dizer que encarna em sua plenitude o Reino de Deus , ou tem ou Reino de Deus. Ele é um mistério. Em parte temos e em parte não temos. Mas, a mensagem do Reino é acima de tudo libertadora para os homens. É na proclamação da chegada do Reino de Deus que Jesus inicia seu ministério terreno.
O Reino de Deus é diferente dos reinos, ou das repúblicas terrenas. Ele tem a finalidade de produzir uma vida satisfatória. Sua estrutura de funcionamento é completamente diferente das dos reinos e repúblicas terrenas. Seus valores estranhos se comparados aos valores dominantes. Segundo Paulo, o Evangelho (as boas notícias), a mensagem completa acerca do Reino de Deus, causa escândalo. Escandalizava tanto a gregos como a judeus, pois sua lógica, sua mensagem não se alinhava à lógica operante na realidade social e cultural de sua época.
Jesus em meio a tanta gente pobre e sofrida diz: bem aventurado aqueles que tem fome e sede de justiça porque eles serão fartos! Fome e sede era e ainda continua sendo algo muito conhecido dos pobres de todos os tempos. Talvez daí a comparação. Precisamos ter fome e sede da justiça como alimento que nutre nossos corpos! E porque? Porque a justiça está enraizada na idéia de verdade, retidão, isonomia e igualdade de direitos. Não pode haver uma justiça para os ricos e outra para os pobres. A verdadeira justiça liberta, não oprime. Faz nascer a esperança e produz o bálzamo que alivia a dor e o sofrimento. Traz descanso aos sobrecarregados e punição para os injustos, aproveitadores e opressores!
Quando Jesus falava em "fome e sede de justiça", ele falava de uma necessidade para os desiludidos de sua época e para os sem esperança de hoje. A justiça humana é aproximativa e relativa. Erra mais do que acerta. Mas Cristo está a dizer que aqueles que tiverem fome e sede de justiça serão fartos. Isso implica em uma busca constante pela justiça hoje, e a certeza de que ela vai se manisfestar de maneira peremptória no amanhã. O Reino de Deus tem de ser diferente. Não pode ser igual e começando agora quer ser fermento transformardor da realidade!
Que a mediocridade da vida não nos faça perder a fome pela justiça! Que o Evangelho seja nosso guia de esperança para uma vida melhor. Que nossas relações construam uma busca permantente para que a justiça seja realidade!
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